a raiva homicida que vem na bebida dos tristes sem lar por que lutar, é prosa fiada em mesa dourada, é sonho sem ar para respirar - demência sem jeito de um rumo desfeito num barco sem mar para navegar. mas barco sem uso não cai em desuso na tralha sem fim do meu jardim. nas tardes de inverno, as brumas da chuva revelam temores da razão, erguendo os defuntos que moram, secretos, em covas ocultas pelo chão, no meio de escombros, carcaças de carros e restos de amores de verão. se o musgo não medra na estátua de pedra à luz do luar, junto ao altar, emana da terra um grito de guerra: é tempo de dar sangue ao lugar! sepulcros abertos, sentidos despertos, a fé de matar a latejar, impõe-me o destino pôr novo inquilino na tralha sem fim do meu jardim. nas tardes de inverno, as brumas da chuva revelam temores da razão, erguendo os defuntos que moram, secretos, em covas ocultas pelo chão, no meio de escombros, carcaças de carros e restos de amores de verão.