Mandei rasgar mil janelas na alma Para poder ver o mar de noite e dia; Mas andam sempre fechadas Porque os olhos me cegavam De cada vez que as abria De luto pelos meus olhos Também elas andam cegas eram feitas p’ra olhar Trago agora mil janelas Inútilmente rasgadas na alma E não vejo o mar Abertas, cega-me a luz Fechadas, falta-me o ar De que servem mil janelas Se não posso respirar De que servem mil janelas Se não posso ver o mar Há-de haver uma janela Que eu possa abrir sem cegar