Ai, rapaz! Se tu soubesses bem Como é que eu fico Quando vou ao bailarico E te miro a dançar Ó-ai, à marcial Já tentei dançar assim também A esse ritmo, cada passo com sentido E eu nem gosto de marchar. Ó-ai, mas quem me viu?! Ai, rapaz, mas eu queria Uma valsa a três passos, Dar-te a mão e ver a vida, Agarrada a teus braços, ai Fui-me pôr Sentada mesmo à frente E ali esperei A tantos eu neguei O prazer da minha dança Ó-ai, que era só tua Mas o bar também chamou por ti, Num entretanto e a banda ia tocando E quando tu de lá voltaste Ó-ai, a valsa acabou! Ai, rapaz, mas eu queria Ir na roda e ser teu par! Dar-te a mão, ir na folia E não mais eu te largar, ó-ai Foi então Que a roda se fez, Ao largo, larga Tanta gente, muita farra E nós ali na multidão Ó-ai, com outro par! Fui passando Par a par, nem sei Quantos ao certo E tu cada vez mais perto E quando só faltava um Ó-ai, veio o leilão! Ai, rapaz, o que eu queria Era um baile bem mandado Que nos guiasse à sacristia E voltássemos casados, ai E do palco Surgiu uma voz E a concertina: "Roda manel, vira maria E quem não vira perde a roda!" Ó-ai, e eu virei! Mas a voz, Puxada à concertina, Mais pedia E acelarava a melodia Os pés trocavam-se no chão Ó-ai, e assim foi Ai, rapaz, e foi o baile, Sem alma nem coração Mal cantado e mal mandado Que me atirou ao chão, ó ai E foste tu a dar-me a mão