Ainda me lembro de ti Tão cheio de ti mesmo Passeando tua esfinge De príncipe de alta casta Alguém que já nem finge Que amar-se a si mesmo basta Havia sempre alguém A prestar vassalagem E a render-se à tua imagem De Narciso bem penteado Tirando da garagem Um coração cromado Julgavas que a vida era Um chevrolet vermelho Que a beleza bastava Para seres do mundo lago Mas quebrando-se o espelho Não aguentaste o estrago E eu que verti uma lágrima Por não merecer o teu olhar Pergunto a mim mesma Como pude um dia Por ti chorar Narciso, sobre rodas, vem Narciso sobre rodas E agora encontrar-te Pergunto a mim mesmo Como pude um dia Sequer amar-te E agora encontrar-te Pergunto a mim mesmo Como pude sequer amar-te