O Cristo inerte preso à cruz A luz da vela que o reduz Á sombra triste na parede entrecortada Dos lábios solta-se indulgente A pressa inútil do não crente Entre palavras que por si não dizem nada Não fui eu, Não fui eu Não deixei a porta aberta Não fui eu, Não fui eu Ficou-me a casa deserta Ah como fugidiu rumor De passos que no corredor Induzem na minha alma a dor da esperança vã Sinais do tempo a humedecer A voz que teima em enroquecer E o corpo dorido pela noite no divã Não fui eu... Como esta febre me destroí Perdido amor quanto me doi Desceste em mil cruel manto de tristeza Em cada noite morre o amor Que a solidão faz-se maior Mal amanhece e volta o medo que anoiteça Não fui eu..