歌曲 | Faroeste Caboclo |
歌手 | Legião Urbana |
专辑 | Acústico |
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Não tinha medo o tal João de Santo Cristo, | |
Era o que todos diziam quando ele se perdeu. | |
Deixou pra trás todo o marasmo da fazenda | |
Só pra sentir no seu sangue o ódio que Jesus lhe deu. | |
Quando criança só pensava em ser bandido, | |
Ainda mais quando com tiro de soldado o pai morreu | |
Era o terror da cercania onde morava | |
E na escola até o professor com ele aprendeu. | |
Ia pra igreja só pra roubar o dinheiro | |
Que as velhinhas colocavam na caixinha do altar. | |
Sentia mesmo que era mesmo diferente | |
Sentia que aquilo ali não era o seu lugar | |
Ele queria sair para ver o mar | |
E as coisas que ele via na televisão | |
Juntou dinheiro para poder viajar | |
E de escolha própria escolheu a solidão | |
Comia todas as menininhas da cidade | |
De tanto brincar de médico aos doze era professor. | |
Aos quinze foi mandado pro reformatório | |
Onde aumentou seu ódio diante de tanto terror. | |
Não entendia como a vida funcionava - | |
Descriminação por causa da sua classe e sua cor | |
Ficou cansado de tentar achar resposta | |
E comprou uma passagem foi direto a Salvador. | |
E lá chegando foi tomar um cafezinho | |
E encontrou um boiadeiro com quem foi falar | |
E o boiadeiro tinha uma passagem e ia perder a viagem | |
Mas João foi lhe salvar. | |
Dizia ele: - Estou indo pra Brasília, | |
Nesse país lugar melhor não há. | |
Tô precisando visitar a minha filha | |
Eu fico aqui e você vai no meu lugar. | |
E João aceitou sua proposta e num ônibus entrou no Planalto Central | |
Ele ficou bestificado com a cidade | |
Saindo da rodoviária viu as luzes de Natal. | |
- Meu Deus, mas que cidade linda! | |
No ano-novo eu começo a trabalhar. | |
Cortar madeira, aprendiz de carpinteiro | |
Ganhava cem mil por mês em Taguatinga. | |
Na sexta-feira foi pra zona da cidade | |
Gastar todo o seu dinheiro de rapaz trabalhador | |
E conhecia muita gente interessante | |
Até um neto bastardo do seu bisavô: | |
Um peruano que vivia na Bolívia | |
E muitas coisas trazia de lá | |
Seu nome era Pablo e ele dizia | |
Que um negócio ele ia começar. | |
E o Santo Cristo até a morte trabalhava | |
Mas o dinheiro não dava pra ele se alimentar | |
E ouvia às sete horas o noticiário | |
Que dizia sempre que seu ministro ia ajudar | |
Mas ele não queria mais conversa e decidiu que, | |
com o Pablo, ele ia se virar | |
Elaborou mais uma vez seu plano santo | |
E, sem ser crucificado, a plantação foi começar. | |
Logo, logo os malucos da cidade souberam da novidade: | |
- Tem bagulho bom aí! | |
E João de Santo Cristo ficou rico | |
E acabou com todos os traficantes dali. | |
Fez amigos, freqüentava a Asa Norte | |
E ia pra festa de rock, pra se libertar | |
Mas de repente | |
Sob um má influência dos boyzinhos da cidade | |
Começou a roubar. | |
Já no primeiro roubo ele dançou | |
E pro inferno ele foi pela primeira vez | |
Violência e estupro do seu corpo | |
- Vocês vão ver, eu vou pegar vocês. | |
Agora Santo Cristo era bandido | |
Destemido e temido no Distrito Federal. | |
Não tinha nenhum medo de polícia | |
Capitão ou traficante, playboy ou general. | |
Foi quando conheceu uma menina | |
E de todos os seus pecados ele se arrependeu. | |
Maria Lúcia era uma menina linda | |
E o coração dele | |
Pra ela o Santo Cristo prometeu | |
Ele dizia que queria se casar | |
E carpinteiro ele voltou a ser | |
- Maria Lúcia pra sempre eu vou te amar | |
E um filho com você eu quero ter. | |
O tempo passa e um dia vem à porta um senhor de alta classe com dinheiro na mão | |
E ele faz uma proposta indecorosa e diz que espera uma resposta. | |
Uma resposta de João: | |
- Não boto bomba em banca de jornal nem em colégio de criança | |
Isso eu não faço não | |
E não protejo general de dez estrelas que fica atrás da mesa | |
Com o cú na mão. | |
E é melhor o senhor sair da minha casa | |
Nunca brinque com um Peixes com ascendente Escorpião. | |
Mas antes de sair, com ódio no olhar, o velho disse: | |
- Você perdeu a sua vida, meu irmão. | |
Você perdeu a sua vida meu irmão. Você perdeu a sua vida meu irmão | |
Essas palavras vão entrar no coração | |
E eu vou sofrer as conseqüências como um cão. | |
Não é que o Santo Cristo estava certo | |
Seu futuro era incerto | |
E ele não foi trabalhar | |
Se embebedou e no meio da bebedeira sescobriu que tinha outro | |
Trabalhando em seu lugar | |
Falou com Pablo que queria um parceiro | |
Que também tinha dinheiro e queria se armar | |
Pablo trazia o contrabando da Bolívia | |
E Santo Cristo revendia em Planaltina | |
Mas acontece que um tal de Jeremias, traficante de renome, | |
Apareceu por lá | |
Ficou sabendo dos planos de Santo Cristo | |
E decidiu que com João ele ia acabar. | |
Mas Pablo trouxe uma Winchester-22 | |
E Santo Cristo já sabia atirar | |
E decidiu usar a arma só depois | |
Que Jeremias começasse a brigar. | |
(O Jeremias, maconheiro sem vergonha, organizou a Rockonha | |
E fez todo mundo dançar.) | |
Desvirginava mocinhas inocentes | |
E dizia que era crente mas não sabia rezar. | |
E Santo Cristo há muito não ia pra casa | |
E a saudade começou a apertar | |
- Eu vou me embora, eu vou ver Maria Lúcia | |
Já está em tempo de a gente se casar. | |
Chegando em casa então ele chorou | |
E pro inferno ele foi pela segunda vez | |
Com Maria Lúcia Jeremias se casou | |
E um filho nela ele fez. | |
Santo Cristo era só ódio por dentro e então o Jeremias pra um duelo ele chamou | |
- Amanhã, as duas horas na Ceilândia, em frente ao lote 14, é pra lá que eu vou | |
E você pode escolher as suas armas que eu acabo com você, seu porco traidor | |
E mato também Maria Lúcia, aquela menina falsa pra que jurei o meu amor | |
E Santo Cristo não sabia o que fazer | |
Quando viu o repórter da televisão | |
Que a notícia do duelo na TV | |
Dizendo a hora o local e a razão. | |
No sábado, então as duas horas, todo o povo | |
Sem demora foi lá só pra assistir | |
Um homem que atirava pelas costas e acertou o Santo Cristo | |
E começou a sorrir. | |
Sentindo o sangue na garganta, | |
João olhou as bandeirinhas e pro povo a aplaudir | |
E olhou pro sorveteiro e pras câmeras e | |
A gente da TV que filmava tudo ali. | |
E se lembrou de quando era uma criança e de tudo o que vivera até ali | |
E decidiu entrar de vez naquela dança | |
- Se a via-crucis virou circo, estou aqui. | |
E nisso o sol cegou seus olhos e então Maria Lúcia ele reconheceu | |
Ela trazia a Winchester-22 | |
A arma que seu primo Pablo lhe deu. | |
- Jeremias, eu sou homem, coisa que você não é. | |
Eu não atiro pelas costas não. | |
Olha pra cá filha da puta, sem vergonha, | |
Dá uma olhada no meu sangue | |
E vem sentir o teu perdão. | |
E Santo Cristo com a Winchester-22 | |
Deu cinco tiros no bandido traidor | |
Maria Lúcia se arrependeu depois | |
E morreu junto com João, seu protetor. | |
O povo declarava que João de Santo Cristo era santo porque sabia morrer | |
E a alta burguesia da cidade não acreditava na história que eles viram na TV | |
E João não conseguiu o que queria quando veio pra Brasília, com o diabo ter | |
Ele queria era falar com o presidente, | |
Pra ajudar toda essa gente | |
Que só faz sofrer |
N o tinha medo o tal Jo o de Santo Cristo, | |
Era o que todos diziam quando ele se perdeu. | |
Deixou pra tra s todo o marasmo da fazenda | |
So pra sentir no seu sangue o o dio que Jesus lhe deu. | |
Quando crian a so pensava em ser bandido, | |
Ainda mais quando com tiro de soldado o pai morreu | |
Era o terror da cercania onde morava | |
E na escola ate o professor com ele aprendeu. | |
Ia pra igreja so pra roubar o dinheiro | |
Que as velhinhas colocavam na caixinha do altar. | |
Sentia mesmo que era mesmo diferente | |
Sentia que aquilo ali n o era o seu lugar | |
Ele queria sair para ver o mar | |
E as coisas que ele via na televis o | |
Juntou dinheiro para poder viajar | |
E de escolha pro pria escolheu a solid o | |
Comia todas as menininhas da cidade | |
De tanto brincar de me dico aos doze era professor. | |
Aos quinze foi mandado pro reformato rio | |
Onde aumentou seu o dio diante de tanto terror. | |
N o entendia como a vida funcionava | |
Descrimina o por causa da sua classe e sua cor | |
Ficou cansado de tentar achar resposta | |
E comprou uma passagem foi direto a Salvador. | |
E la chegando foi tomar um cafezinho | |
E encontrou um boiadeiro com quem foi falar | |
E o boiadeiro tinha uma passagem e ia perder a viagem | |
Mas Jo o foi lhe salvar. | |
Dizia ele: Estou indo pra Brasi lia, | |
Nesse pai s lugar melhor n o ha. | |
T precisando visitar a minha filha | |
Eu fico aqui e voc vai no meu lugar. | |
E Jo o aceitou sua proposta e num nibus entrou no Planalto Central | |
Ele ficou bestificado com a cidade | |
Saindo da rodovia ria viu as luzes de Natal. | |
Meu Deus, mas que cidade linda! | |
No anonovo eu come o a trabalhar. | |
Cortar madeira, aprendiz de carpinteiro | |
Ganhava cem mil por m s em Taguatinga. | |
Na sextafeira foi pra zona da cidade | |
Gastar todo o seu dinheiro de rapaz trabalhador | |
E conhecia muita gente interessante | |
Ate um neto bastardo do seu bisav: | |
Um peruano que vivia na Boli via | |
E muitas coisas trazia de la | |
Seu nome era Pablo e ele dizia | |
Que um nego cio ele ia come ar. | |
E o Santo Cristo ate a morte trabalhava | |
Mas o dinheiro n o dava pra ele se alimentar | |
E ouvia a s sete horas o noticia rio | |
Que dizia sempre que seu ministro ia ajudar | |
Mas ele n o queria mais conversa e decidiu que, | |
com o Pablo, ele ia se virar | |
Elaborou mais uma vez seu plano santo | |
E, sem ser crucificado, a planta o foi come ar. | |
Logo, logo os malucos da cidade souberam da novidade: | |
Tem bagulho bom ai! | |
E Jo o de Santo Cristo ficou rico | |
E acabou com todos os traficantes dali. | |
Fez amigos, freqü entava a Asa Norte | |
E ia pra festa de rock, pra se libertar | |
Mas de repente | |
Sob um ma influ ncia dos boyzinhos da cidade | |
Come ou a roubar. | |
Ja no primeiro roubo ele dan ou | |
E pro inferno ele foi pela primeira vez | |
Viol ncia e estupro do seu corpo | |
Voc s v o ver, eu vou pegar voc s. | |
Agora Santo Cristo era bandido | |
Destemido e temido no Distrito Federal. | |
N o tinha nenhum medo de poli cia | |
Capit o ou traficante, playboy ou general. | |
Foi quando conheceu uma menina | |
E de todos os seus pecados ele se arrependeu. | |
Maria Lu cia era uma menina linda | |
E o cora o dele | |
Pra ela o Santo Cristo prometeu | |
Ele dizia que queria se casar | |
E carpinteiro ele voltou a ser | |
Maria Lu cia pra sempre eu vou te amar | |
E um filho com voc eu quero ter. | |
O tempo passa e um dia vem a porta um senhor de alta classe com dinheiro na m o | |
E ele faz uma proposta indecorosa e diz que espera uma resposta. | |
Uma resposta de Jo o: | |
N o boto bomba em banca de jornal nem em cole gio de crian a | |
Isso eu n o fa o n o | |
E n o protejo general de dez estrelas que fica atra s da mesa | |
Com o cu na m o. | |
E e melhor o senhor sair da minha casa | |
Nunca brinque com um Peixes com ascendente Escorpi o. | |
Mas antes de sair, com o dio no olhar, o velho disse: | |
Voc perdeu a sua vida, meu irm o. | |
Voc perdeu a sua vida meu irm o. Voc perdeu a sua vida meu irm o | |
Essas palavras v o entrar no cora o | |
E eu vou sofrer as conseqü ncias como um c o. | |
N o e que o Santo Cristo estava certo | |
Seu futuro era incerto | |
E ele n o foi trabalhar | |
Se embebedou e no meio da bebedeira sescobriu que tinha outro | |
Trabalhando em seu lugar | |
Falou com Pablo que queria um parceiro | |
Que tambe m tinha dinheiro e queria se armar | |
Pablo trazia o contrabando da Boli via | |
E Santo Cristo revendia em Planaltina | |
Mas acontece que um tal de Jeremias, traficante de renome, | |
Apareceu por la | |
Ficou sabendo dos planos de Santo Cristo | |
E decidiu que com Jo o ele ia acabar. | |
Mas Pablo trouxe uma Winchester22 | |
E Santo Cristo ja sabia atirar | |
E decidiu usar a arma so depois | |
Que Jeremias come asse a brigar. | |
O Jeremias, maconheiro sem vergonha, organizou a Rockonha | |
E fez todo mundo dan ar. | |
Desvirginava mocinhas inocentes | |
E dizia que era crente mas n o sabia rezar. | |
E Santo Cristo ha muito n o ia pra casa | |
E a saudade come ou a apertar | |
Eu vou me embora, eu vou ver Maria Lu cia | |
Ja esta em tempo de a gente se casar. | |
Chegando em casa ent o ele chorou | |
E pro inferno ele foi pela segunda vez | |
Com Maria Lu cia Jeremias se casou | |
E um filho nela ele fez. | |
Santo Cristo era so o dio por dentro e ent o o Jeremias pra um duelo ele chamou | |
Amanh, as duas horas na Ceil ndia, em frente ao lote 14, e pra la que eu vou | |
E voc pode escolher as suas armas que eu acabo com voc, seu porco traidor | |
E mato tambe m Maria Lu cia, aquela menina falsa pra que jurei o meu amor | |
E Santo Cristo n o sabia o que fazer | |
Quando viu o repo rter da televis o | |
Que a noti cia do duelo na TV | |
Dizendo a hora o local e a raz o. | |
No sa bado, ent o as duas horas, todo o povo | |
Sem demora foi la so pra assistir | |
Um homem que atirava pelas costas e acertou o Santo Cristo | |
E come ou a sorrir. | |
Sentindo o sangue na garganta, | |
Jo o olhou as bandeirinhas e pro povo a aplaudir | |
E olhou pro sorveteiro e pras c meras e | |
A gente da TV que filmava tudo ali. | |
E se lembrou de quando era uma crian a e de tudo o que vivera ate ali | |
E decidiu entrar de vez naquela dan a | |
Se a viacrucis virou circo, estou aqui. | |
E nisso o sol cegou seus olhos e ent o Maria Lu cia ele reconheceu | |
Ela trazia a Winchester22 | |
A arma que seu primo Pablo lhe deu. | |
Jeremias, eu sou homem, coisa que voc n o e. | |
Eu n o atiro pelas costas n o. | |
Olha pra ca filha da puta, sem vergonha, | |
Da uma olhada no meu sangue | |
E vem sentir o teu perd o. | |
E Santo Cristo com a Winchester22 | |
Deu cinco tiros no bandido traidor | |
Maria Lu cia se arrependeu depois | |
E morreu junto com Jo o, seu protetor. | |
O povo declarava que Jo o de Santo Cristo era santo porque sabia morrer | |
E a alta burguesia da cidade n o acreditava na histo ria que eles viram na TV | |
E Jo o n o conseguiu o que queria quando veio pra Brasi lia, com o diabo ter | |
Ele queria era falar com o presidente, | |
Pra ajudar toda essa gente | |
Que so faz sofrer |
N o tinha medo o tal Jo o de Santo Cristo, | |
Era o que todos diziam quando ele se perdeu. | |
Deixou pra trá s todo o marasmo da fazenda | |
Só pra sentir no seu sangue o ó dio que Jesus lhe deu. | |
Quando crian a só pensava em ser bandido, | |
Ainda mais quando com tiro de soldado o pai morreu | |
Era o terror da cercania onde morava | |
E na escola até o professor com ele aprendeu. | |
Ia pra igreja só pra roubar o dinheiro | |
Que as velhinhas colocavam na caixinha do altar. | |
Sentia mesmo que era mesmo diferente | |
Sentia que aquilo ali n o era o seu lugar | |
Ele queria sair para ver o mar | |
E as coisas que ele via na televis o | |
Juntou dinheiro para poder viajar | |
E de escolha pró pria escolheu a solid o | |
Comia todas as menininhas da cidade | |
De tanto brincar de mé dico aos doze era professor. | |
Aos quinze foi mandado pro reformató rio | |
Onde aumentou seu ó dio diante de tanto terror. | |
N o entendia como a vida funcionava | |
Descrimina o por causa da sua classe e sua cor | |
Ficou cansado de tentar achar resposta | |
E comprou uma passagem foi direto a Salvador. | |
E lá chegando foi tomar um cafezinho | |
E encontrou um boiadeiro com quem foi falar | |
E o boiadeiro tinha uma passagem e ia perder a viagem | |
Mas Jo o foi lhe salvar. | |
Dizia ele: Estou indo pra Brasí lia, | |
Nesse paí s lugar melhor n o há. | |
T precisando visitar a minha filha | |
Eu fico aqui e voc vai no meu lugar. | |
E Jo o aceitou sua proposta e num nibus entrou no Planalto Central | |
Ele ficou bestificado com a cidade | |
Saindo da rodoviá ria viu as luzes de Natal. | |
Meu Deus, mas que cidade linda! | |
No anonovo eu come o a trabalhar. | |
Cortar madeira, aprendiz de carpinteiro | |
Ganhava cem mil por m s em Taguatinga. | |
Na sextafeira foi pra zona da cidade | |
Gastar todo o seu dinheiro de rapaz trabalhador | |
E conhecia muita gente interessante | |
Até um neto bastardo do seu bisav: | |
Um peruano que vivia na Bolí via | |
E muitas coisas trazia de lá | |
Seu nome era Pablo e ele dizia | |
Que um negó cio ele ia come ar. | |
E o Santo Cristo até a morte trabalhava | |
Mas o dinheiro n o dava pra ele se alimentar | |
E ouvia à s sete horas o noticiá rio | |
Que dizia sempre que seu ministro ia ajudar | |
Mas ele n o queria mais conversa e decidiu que, | |
com o Pablo, ele ia se virar | |
Elaborou mais uma vez seu plano santo | |
E, sem ser crucificado, a planta o foi come ar. | |
Logo, logo os malucos da cidade souberam da novidade: | |
Tem bagulho bom aí! | |
E Jo o de Santo Cristo ficou rico | |
E acabou com todos os traficantes dali. | |
Fez amigos, freqü entava a Asa Norte | |
E ia pra festa de rock, pra se libertar | |
Mas de repente | |
Sob um má influ ncia dos boyzinhos da cidade | |
Come ou a roubar. | |
Já no primeiro roubo ele dan ou | |
E pro inferno ele foi pela primeira vez | |
Viol ncia e estupro do seu corpo | |
Voc s v o ver, eu vou pegar voc s. | |
Agora Santo Cristo era bandido | |
Destemido e temido no Distrito Federal. | |
N o tinha nenhum medo de polí cia | |
Capit o ou traficante, playboy ou general. | |
Foi quando conheceu uma menina | |
E de todos os seus pecados ele se arrependeu. | |
Maria Lú cia era uma menina linda | |
E o cora o dele | |
Pra ela o Santo Cristo prometeu | |
Ele dizia que queria se casar | |
E carpinteiro ele voltou a ser | |
Maria Lú cia pra sempre eu vou te amar | |
E um filho com voc eu quero ter. | |
O tempo passa e um dia vem à porta um senhor de alta classe com dinheiro na m o | |
E ele faz uma proposta indecorosa e diz que espera uma resposta. | |
Uma resposta de Jo o: | |
N o boto bomba em banca de jornal nem em colé gio de crian a | |
Isso eu n o fa o n o | |
E n o protejo general de dez estrelas que fica atrá s da mesa | |
Com o cú na m o. | |
E é melhor o senhor sair da minha casa | |
Nunca brinque com um Peixes com ascendente Escorpi o. | |
Mas antes de sair, com ó dio no olhar, o velho disse: | |
Voc perdeu a sua vida, meu irm o. | |
Voc perdeu a sua vida meu irm o. Voc perdeu a sua vida meu irm o | |
Essas palavras v o entrar no cora o | |
E eu vou sofrer as conseqü ncias como um c o. | |
N o é que o Santo Cristo estava certo | |
Seu futuro era incerto | |
E ele n o foi trabalhar | |
Se embebedou e no meio da bebedeira sescobriu que tinha outro | |
Trabalhando em seu lugar | |
Falou com Pablo que queria um parceiro | |
Que també m tinha dinheiro e queria se armar | |
Pablo trazia o contrabando da Bolí via | |
E Santo Cristo revendia em Planaltina | |
Mas acontece que um tal de Jeremias, traficante de renome, | |
Apareceu por lá | |
Ficou sabendo dos planos de Santo Cristo | |
E decidiu que com Jo o ele ia acabar. | |
Mas Pablo trouxe uma Winchester22 | |
E Santo Cristo já sabia atirar | |
E decidiu usar a arma só depois | |
Que Jeremias come asse a brigar. | |
O Jeremias, maconheiro sem vergonha, organizou a Rockonha | |
E fez todo mundo dan ar. | |
Desvirginava mocinhas inocentes | |
E dizia que era crente mas n o sabia rezar. | |
E Santo Cristo há muito n o ia pra casa | |
E a saudade come ou a apertar | |
Eu vou me embora, eu vou ver Maria Lú cia | |
Já está em tempo de a gente se casar. | |
Chegando em casa ent o ele chorou | |
E pro inferno ele foi pela segunda vez | |
Com Maria Lú cia Jeremias se casou | |
E um filho nela ele fez. | |
Santo Cristo era só ó dio por dentro e ent o o Jeremias pra um duelo ele chamou | |
Amanh, as duas horas na Ceil ndia, em frente ao lote 14, é pra lá que eu vou | |
E voc pode escolher as suas armas que eu acabo com voc, seu porco traidor | |
E mato també m Maria Lú cia, aquela menina falsa pra que jurei o meu amor | |
E Santo Cristo n o sabia o que fazer | |
Quando viu o repó rter da televis o | |
Que a notí cia do duelo na TV | |
Dizendo a hora o local e a raz o. | |
No sá bado, ent o as duas horas, todo o povo | |
Sem demora foi lá só pra assistir | |
Um homem que atirava pelas costas e acertou o Santo Cristo | |
E come ou a sorrir. | |
Sentindo o sangue na garganta, | |
Jo o olhou as bandeirinhas e pro povo a aplaudir | |
E olhou pro sorveteiro e pras c meras e | |
A gente da TV que filmava tudo ali. | |
E se lembrou de quando era uma crian a e de tudo o que vivera até ali | |
E decidiu entrar de vez naquela dan a | |
Se a viacrucis virou circo, estou aqui. | |
E nisso o sol cegou seus olhos e ent o Maria Lú cia ele reconheceu | |
Ela trazia a Winchester22 | |
A arma que seu primo Pablo lhe deu. | |
Jeremias, eu sou homem, coisa que voc n o é. | |
Eu n o atiro pelas costas n o. | |
Olha pra cá filha da puta, sem vergonha, | |
Dá uma olhada no meu sangue | |
E vem sentir o teu perd o. | |
E Santo Cristo com a Winchester22 | |
Deu cinco tiros no bandido traidor | |
Maria Lú cia se arrependeu depois | |
E morreu junto com Jo o, seu protetor. | |
O povo declarava que Jo o de Santo Cristo era santo porque sabia morrer | |
E a alta burguesia da cidade n o acreditava na histó ria que eles viram na TV | |
E Jo o n o conseguiu o que queria quando veio pra Brasí lia, com o diabo ter | |
Ele queria era falar com o presidente, | |
Pra ajudar toda essa gente | |
Que só faz sofrer |